Formação 

Privilegiando a evolução interna indispensável a quem pratica a psicanálise e a psicoterapia com fins terapêuticos, a AP considera que é indispensável que a formação assente nas formações teórica e clínica e na psicanálise pessoal, de modo a poder transmitir a cada associado em formação, através dos conhecimentos teóricos e clínicos, um saber-fazer prático e, acima de tudo, um "saber ser".

É nesta exigência que se inserem os três pilares que devem presidir a qualquer formação psicanalítica, quer ela seja na psicanálise quer na psicoterapia psicanalítica:

  • Processo Psicanalítico Didáctico (Psicanálise ou Psicoterapia Psicanalítica)
  • Formação teórica e técnica
  • Supervisão de casos clínicos em seguimento psicanalítico

Em permanente ligação entre si, eles vão permitir dar uma estrutura sólida e coerente à formação:

  • O processo psicanalítico pessoal permite uma descoberta sobre o universo psíquico próprio de cada pessoa no contexto da relação com um terapeuta;
  • A formação teórica permite aceder ao conhecimento da nosografia psicanalítica, da metapsicologia, da teoria da técnica psicanalítica;
  • A supervisão transmite, não apenas uma técnica, mas a "alma da técnica" para além da técnica, constituindo-se assim como a principal fonte de aquisição do "saber fazer" das especificidades próprias que diferenciam a psicanálise da psicoterapia psicanalítica.

A AP tem presente que a formação psicanalítica é um processo de aprendizagem complexo e trabalhoso.

Uma das razões que torna esta abordagem analítica de tão complexa aquisição, deve-se ao facto de haver um permanente diálogo entre o método, que guia a situação psicanalítica, e o processo psicanalítico, guiado, por sua vez, pela investigação na própria relação com o terapeuta. Este terá de adequar a sua compreensão psicanalítica à natureza da experiência do inconsciente do paciente. Esta compreensão vai convocar, no terapeuta, um saber fazer e um saber ser que possa responder, permanentemente, à tensão gerada entre a exigência metodológica e a construção da teoria, tensão inerente ao bom exercício da prática psicanalítica e à correcta aplicação da teorização psicanalítica.
Incluindo o "saber ser", o "saber" e o "saber fazer", a formação psicanalítica é, assim, um processo de transformação interna apoiado numa teoria e numa técnica próprias.

A formação específica em psicanálise e psicoterapia psicanalítica alicerça-se em conceitos psicanalíticos desenvolvidos a partir da experiência clínica e visa permitir uma reflexão sobre as intervenções psicoterapeuticas a partir da prática clínica quotidiana e terá como objectivos específicos:

  1. O estudo e investigação, no plano teórico e clínico, do funcionamento mental e relacional, seu desenvolvimento e perturbações, assim como a prevenção e o tratamento dos desvios. A psicanálise como ciência – conhecimento baseado na evidência e na prova –, técnica – o saber fazer – e arte – o poder criar.
  2. O ensino e a aprendizagem assentes na experiência e indagação. O mestre, eterno aprendiz, como companheiro e animador da pesquisa.
  3. O estudo dos principais temas da análise clássica e contemporânea:
  4. Aprofundamento da aprendizagem do Método e das Técnicas em Psicoterapia.

Serão fundamentalmente as supervisões que desenvolverão e validarão as competências técnicas e empíricas específicas do psicanalista ou do psicoterapeuta. 

A Equipa 

A equipa de formadores é con­sti­tuída em cada época for­ma­tiva, a par­tir do seu quadro alargado, mais abrangente, con­sti­tuído pelos mem­bros Tit­u­lares e Ader­entes do Depar­ta­mento, assim como formadores convidados, com recon­hecida com­petên­cia didác­tica, exper­iên­cia e gosto por par­til­har e expandir o pen­sa­mento cien­tí­fico e téc­nico, no rela­ciona­mento com os pares.

É uma equipa dinâmica e não fixa, que poderá flu­tuar entre várias acções for­ma­ti­vas, con­soante a maior o entendimento da Comissão de Ensino tendo em vista a ade­quação de cada conjunto.

As Super­visões serão val­i­dadas pelos mem­bros Tit­u­lares do Depar­ta­mento, con­sid­er­a­dos para o efeito com funções didác­ti­cas, que acom­pan­harem, durante o processo for­ma­tivo o asso­ci­ado em for­mação.

Pré-Requisito 


A formação em psicanálise e em psicoterapia psicanalítica é oferecida a médicos e psicólogos graduados.

A aceitação de profissionais graduados noutras áreas do conhecimento humano ficará ao critério da Comissão de Ensino.

A fim de poder ingressar na formação, quer do ramo de Psicanálise, quer do ramo de Psicoterapia Psicanalítica, é necessário ter um processo psicanalítico pessoal realizado ou a decorrer (num prazo mínimo de três anos) com um psicanalista ou psicoterapeuta psicanalítico reconhecidamente competente.

A partir do ano 2020 a AP reserva-se o direito de exigir o reconhecimento da competência do psicoterapeuta (não sendo membro da AP) através de documento que comprove a filiação do psicanalista ou psicoterapeuta a uma sociedade psicanalítica e/ou psicoterapêutica credível.  


Programa

Os Seminários teóricos visam aprofundar os estudos psicanalíticos básicos, através do conhecimento da obra de Freud e seu desenvolvimento nas perspectivas de outros autores, bem como a abordagem dos temas da psicanálise contemporânea, conforme programa descriminado.

Os seminários clínicos, que terão como base o material clínico dos formandos, visam a troca de experiência, tanto clínica quanto teórica. A partir do material clínico apresentado pelo associado em formação, será feito um exercício de compreensão psicanalítica desse material, correlacionando a teoria com a prática clínica, associada à modalidade terapêutica em questão.


Supervisão

A supervisão dos casos clínicos poderá ser individual ou grupal. É exigida ao longo de toda a formação em psicanálise ou psicoterapia psicanalítica, sendo obrigatória a validação de duas supervisões com o mínimo de 75h cada. A Supervisão só pode ser validade por um psicanalista ou psicoterapeuta titular da AP.